Band 120 anos: Valmor José Vechi

Band 120 anos: Valmor José Vechi

Valmor José Vechi 


“Meu agradecimento aos associados do clube, que principalmente quando eu fui presidente, nunca faltaram em ajudar. Não só os associados, mas os companheiros de diretoria e também o conselho deliberativo, que em momento nenhum se omitiu ou deixou de colaborar, sempre tivemos o apoio  de todos. E isso é muito importante quando se dirige uma entidade como o Bandeirante, porque sozinho a gente não consegue fazer nada”.


Dando continuidade a série de entrevistas com os presidentes da Sociedade Esportiva Bandeirante, em comemoração aos 120 anos de história, hoje apresentamos o depoimento de Valmor José Vequi - Juca (62), que presidiu o clube de 1996 a 2000. 


A entrevista foi concedida no Bandeirante, na manhã de segunda-feira, 4 de maio. Confira:      


Quais os principais marcos da sua gestão para o clube? 

Na verdade, eu fiquei como presidente neste período de 1996 até 2000, mas anteriormente ocupei quase todos os cargos na diretoria do clube. Fui vice-presidente por quatro anos ou mais, tesoureiro, secretário, diretor de esportes… Enfim, só não fui diretor social. Iniciei a minha participação no clube na comissão de futebol suíço, que fiz parte durante alguns anos. Numa determinada ocasião, a diretoria me convidou para participar com eles representando o futebol suíço. Comecei como diretor dessa forma, mas falando especificamente de quando fui presidente do clube, foi um período de bastante dificuldade para o Bandeirante, como é praxe para todos. Acho que sempre houve muitas dificuldades, especialmente financeira. E não foi diferente no período em que fui presidente. É histórico que os clubes vêm perdendo associados. É uma luta da gente para não perder associados, para ter como manter o clube. Isso foi uma coisa que a gente trabalhou muito naquela época. Mas me foram lançados muitos desafios quando fui presidente. O primeiro foi quando a Schlösser nos ofereceu esse terreno que está aqui atrás do ginásio, que era uma área de terra maior do que a que o clube (mais de 70 mil metros). Nós não tínhamos dinheiro nenhum para comprar, mas trabalhamos, pensamos muito e resolvemos que o clube não poderia deixar passar essa oportunidade, porque era o único terreno que o Bandeirante tinha próximo e no futuro se quisesse aumentar sua área teria que ter esse terreno. Diante esse desafio dissemos: vamos comprar e a Schlösser colaborou muito com a gente dividindo as parcelas em um ano. Mas partimos do zero, não tínhamos nada. Fomos fazendo campanha de novos sócios e venda de títulos. Arrecadamos dinheiro de todas as formas. Na época, foi um valor bastante significativo para o clube, mas conseguimos pagar. Quando acabamos de pagar, havia uma necessidade - sempre há, o clube sempre precisa de algo mais, o associado está sempre querendo outras coisas para usufruir, melhorias. Havia já uma expectativa muito grande para cobrir as quadras de tênis. Novamente o Juca Loos, que sempre incentivou muito disse que tínhamos que fazer e eu argumentei que tínhamos acabado de comprar o terreno. Como encarar uma obra deste tamanho? Mas ele disse: vamos dar jeito, vamos fazer. Encaramos também essa obra que está aqui já há bastante tempo. Não foi fácil também, foi bastante complicado para se conseguir verba para fazer tudo isso. Na mesma época, a gente fez também a churrasqueira familiar, que em princípio era para ser bem pequena, para o associado usar no domingo. Mas quando começamos já pensamos em fazer um pouco maior, para aproveitar melhor e conseguimos fazer tudo. Eu diria que foi um milagre (risos), porque não sei de onde conseguimos dinheiro para fazer tudo que fizemos nesses quatro anos. Houve um esforço muito grande de toda a diretoria, no sentido de vender títulos, angariar fundos de todas as forma. Todos se envolveram bastante e ajudaram muito. Isso tudo aconteceu, mas não se podia parar em nada o restante do clube, tudo tinha que continuar funcionando bem, sendo melhorado e mantido. Sempre foi assim, um desafio manter o clube de forma que a pessoa chegasse aqui e brilhasse os olhos com jardins bonitos, tudo bem conservado e limpo. Isso é uma marca do Bandeirante. Eu vejo que isso ainda hoje continua assim. Tínhamos a esposa de um diretor, o Aliomar, a Lúcia que é irmã do Juca Loos, ela era muito empenhada nos canteiros, era tudo muito bem florido, muito bonito. Mas tudo custava dinheiro e tudo isso tinha que ser feito junto com essas obras novas que a gente queria realizar.  A marca do Bandeirante sempre foi o esporte, tanto recreativo como o futebol suíço, como o tênis, enfim, com voleibol também recreativo, mas especialmente com as equipes que a gente chamava de rendimento, que era o tênis. Em determinada época a gente teve uma escolinha com mais de 50 alunos, que representavam o clube com bastante louvor. Tínhamos a melhor equipe de tênis no Estado em determinados anos. Havia investimento do clube nisso. Tinha o voleibol e o basquete principalmente, que nessa época a gente participou da liga nacional de voleibol feminino. Era gratificante, porque a gente via essa casa cheia. Porque sempre foi uma tradição muito grande, especialmente o voleibol em Brusque, não havia lugar no ginásio para tantas pessoas. Tivemos até que fazer uma arquibancada maior aqui atrás para poder comportar mais gente. Até porque a gente também precisava da renda da bilheteria para ajudar a manter as equipes. Foi um tempo muito bonito do esporte. Era um trabalho bonito que o clube fazia, porque dava oportunidade de aparecimento de muitos atletas. Alguns se destacaram mais, outros menos, mas muita gente teve oportunidade de participar de equipes, de se desenvolver na vida, especialmente no esporte, aqui dentro no Bandeirante. A gente tinha atletas de todos os bairros e escolas. Era um trabalho que envolvia, um trabalho social do clube com todo o município. Então acredito que dentro do esporte no nosso período de presidência, e eu como sempre fui esportista, minhas filhas jogaram voleibol, todas duas, meu filho jogava tênis nessa época também e eu era sempre envolvido. 


De que forma o Bandeirante contribuiu para a sua própria história e de sua família? 

O bandeirante é a nossa casa, da maioria dos sócios. Eu vinha aqui quase todos os dias, porque nessa época meus filhos treinavam. Eles começaram aqui com 8 ou 10 anos. Então, um dia tinha que trazer as meninas no vôlei, outro dia o menino no tênis. Eles ficavam a tarde toda aqui treinando, jogando. Depois já vinham de bicicleta também, já não precisava mais trazer. Isso aqui foi a nossa casa e deles também. Acredito que o Bandeirante faz parte tanto da minha vida, como da vida deles. Muito aconteceu aqui dentro.


Como o senhor avalia a trajetória do Bandeirante ao longo dos anos, considerando que a história do clube se mistura com a história de Brusque? 

Com certeza o Bandeirante significa muito para o município de Brusque. As principais festas e eventos durante muitos anos aconteceram aqui no clube. Hoje ainda acontecem. O Bandeirante sempre teve uma parceria muito grande com a prefeitura. Os próprios jogos comunitários, o clube sempre cedeu o ginásio, o campo, a quadra de bocha, tudo para que o Poder Público também usufruísse. Até para que muitas pessoas que não conheciam o Bandeirante tivessem essa oportunidade, a chance de vir aqui jogar e conhecer a infraestrutura. A gente achava isso muito importante. E a própria parceria do voleibol e do basquete, acredito que do tênis também, sempre houve um apoio também da Prefeitura. Sempre houve um bom entendimento entre os dois. Acredito que o Bandeirante também pode ajudar no desenvolvimento de Brusque.


Qual a sua relação com o clube hoje? 

Eu não tenho participado muito. Jogo aqui ainda segundas e quartas, tento jogar um futebolzinho, a idade já não permite muito (risos), mas é o que eu mais tenho vindo. Hoje eu tenho um netinho, que eu trago muito para brincar aqui no clube, para ele já ir se acostumando com o Bandeirante. E ele já gosta muito, com certeza. Mas da diretoria não participo mais, nem do conselho, porque acredito que a gente tem que colaborar, mas tem que saber a hora de sair também, dar chance aos novos para que eles possam ir assumindo esses compromissos. Eu me lembro que desde quando eu entrei na diretoria do Bandeirante, sempre houve essa preocupação, de buscar sempre algumas Deve-se dar oportunidade aos novos, com novas ideias e novos desafios, mas que não haja uma ruptura, que em determinada oportunidade sair toda a diretoria e entrar uma nova. Acredito que também não seria o fim do mundo, talvez até possa vir a ser uma boa experiência, mas sempre é importante ter pessoas dentro da diretoria que conheçam a história do clube, que tenham participado da história. 


O desejo do Bandeirante, ao comemorar 120 anos, é ser a segunda casa dos seus sócios. Em qual espaço o senhor se sente mais em casa?

Como falei, eu joguei tênis quando era criança alguns anos. Nunca fui um grande atleta de tênis, mas sabia brincar, joguei bastante tempo, mas sempre fui apaixonado pelo futebol. Começamos a brincar desde criança e ainda continua sendo o lugar que eu participo. A própria sede social é um lugar que muitas coisas boas aconteceram ali. inclusive dos filhos: aniversários, comunhões, batizados... tudo que aconteceu na minha vida até hoje foi no Bandeirante. Então a gente tem muito amor por isso aqui e eu gostaria que o clube ficasse cada vez mais bonito, mais forte e a gente sabe que isso não é fácil. Converso muito com os diretores ainda e sei das dificuldades para realizar cada coisa. Também é muito importante salientar que os associados, nas horas difíceis, sempre que são chamados a colaborar e todos acabam colaborando, porque sabem que é para eles que se trabalha. Ninguém que participou da diretoria do Bandeirante, pelo menos que eu conheci, buscou algo para si, mas sim para o crescimento e embelezamento do clube para que os seus associados possam desfrutar disso. Meu agradecimento aos associados do clube, que principalmente quando eu fui presidente, nunca faltaram em ajudar. Não só os associados, mas os companheiros de diretoria e também o conselho deliberativo, que em momento nenhum se omitiu ou deixou de colaborar, sempre tivemos o apoio  de todos. E isso é muito importante quando se dirige uma entidade como o Bandeirante, porque sozinho a gente não consegue fazer nada.